sexta-feira, 22 de agosto de 2014



Aplicativo cria rede de fofoca e causa polêmica em Araraquara.


Secret, baixado de graça em celulares, tem sido usado para difamar e acusar anonimamente pessoas na rede social.


Marcos Leandro/Tribuna Impressa
Rapaz usa o app para ver o que os amigos publicam na nova — e polêmica — rede social (Marcos Leandro/Tribuna Impressa)
Um aplicativo que possibilita dizer o que quiser sem ser identificado tem gerado polêmica em todo o País, inclusive entre os usuários de Araraquara. O Secret, para celular, virou febre nas últimas semanas, mas tem feito muita gente cair em ‘desgraça’. Isso porque, pessoas têm sido alvo de postagens anônimas difamatórias.
Uma postagem relacionada à cidade, por exemplo, é a “Mais Putas de Araraquara”, que relaciona nomes de pelo menos seis garotas, todas menores de idade e usuárias do app. Outra, traz o nome de meninas supostamente virgens. Há também simples comentários do dia a dia e acusações.
As publicações injuriosas e difamatórias ganharam tamanha relevância que levaram a Justiça do Espírito Santo a determinar, ontem, que a Apple e o Google retirem o Secret de suas listas de aplicativos em até dez dias.

Vítimas
No início do mês, a estudante Bruna Fairbanks, de 19 anos, foi citada no aplicativo por alguém que sugeria que ela estaria traindo o namorado.

“As pessoas falam mal das outras desde sempre, especialmente no Interior. Não dei tanta importância. Isso é coisa de gente que não pode ver felicidade alheia”, comenta.
Outros membros do aplicativo na cidade também dizem já ter sido alvos de graves ofensas.
“Muita gente conta coisas de sacanagem, por exemplo, sobre outras pessoas. Fico impressionado em ver como o brasileiro consegue transformar um aplicativo que é usado de forma sadia em outros países para difamar os próprios amigos”, diz um estudante de 27 anos, que preferiu, assim como no Secret, não ter o nome revelado.
Sem exposição
Todos os meses, pelo menos 20 denúncias de calúnia e difamação em redes sociais são registradas na DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Araraquara. A maioria ocorre no Facebook.

“As vítimas nos trazem as imagens das telas para denunciar as ofensas”, diz a delegada Meirelene de Castro Rodrigues.
Ainda de acordo com a responsável pela DDM, pequenas atitudes podem evitar constrangimentos na rede. “Sempre orientamos para que as pessoas não coloquem tudo de suas vidas pessoais na internet justamente para não dar informações para pessoas que pretendem prejudicá-las”, complementa. (leia mais no infográfico)
‘Perfil Conturbado’ 
Para o consultor de tecnologia Daniel Augusto Duarte Soares a proposta ‘inofensiva’ do aplicativo se tornou um problema por conta da forma com que os brasileiros lidam com as redes sociais.

“Não dá para se traçar um perfil singular uma vez que somos uma mistura grande de culturas e com a característica nata do brasileiro que é a malandragem. Dessa forma, o usuário brasileiro se apropriou do anonimato permitido pelo app para usá-lo de forma negativa, como contar fatos que não ocorreram como se fossem verdades e prejudicar as pessoas”, afirma.

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