quinta-feira, 20 de agosto de 2015


Protestos ainda repercutem entre políticos de Araraquara
Manifestações de domingo, contra o Governo Federal, dividem opiniões entre as principais lideranças do município



Nas ruas Manifestantes ocuparam as ruas centrais de Araraquara

O protesto contra o Governo Federal e a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), realizado no último domingo, em Araraquara, continua repercutindo entre a classe política da cidade. De um lado, os petistas reconhecendo alguns ‘exageros’ no manifesto. Do outro, membros do PSDB local afirmando que ‘o movimento é legítimo’. Em Araraquara, o ato reuniu cerca de 1,1 mil pessoas, segundo informações da Polícia Militar.

Para o prefeito Marcelo Barbieri (PMDB), “o protesto é um direito democrático das pessoas se manifestarem”.

Para o ministro da Secretaria de Comunicação Social e ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, “o Governo respeita o direito democrático”, mas também é necessário conter este ‘momento de intolerância’. “É óbvio que estamos num momento de intolerância política, religiosa e cultural. É um momento difícil da vida brasileira em que temos de trabalhar para desfazer esse ambiente. O Brasil sempre conviveu com a diversidade cultural, religiosa, regional e política. Temos de combater esse ambiente, de modo que o Brasil volte a ter aquilo que sempre foi sua tradição, que é a convivência democrática com a diversidade de pensamento, expressão, opções, diversidade cultural e religiosa”, disse, através de sua assessoria de imprensa.

Opiniões contrárias - Para o líder do PSDB na Câmara de Vereadores de Araraquara, Jeferson Yashuda, a população anda insatisfeita. “Não é um movimento isolado e é apartidário. Não há bandeira de partidos políticos”, disse.

Já o líder da bancada petista, Donizeti Simioni, acredita que o movimento está se tornando partidário. “Ficou caracterizado que o movimento está se tornando partidarizado e centrado nas figuras do Lula, da Dilma e do PT, e não mais contra a corrupção”, explicou.

Para a deputada estadual pelo PT Márcia Lia, há ‘interesses partidários’ na manifestação. “Penso que o protesto pacífico é um instrumento da democracia. Mas também que, a partir do momento em que um partido utiliza seu tempo de televisão para convocar as pessoas à manifestação, ao invés de falar de seu conteúdo programático, a manifestação vira um instrumento de manipulação para fins partidários, onde o que importa é derrubar um governo para tomar o poder, desrespeitando os mais de 54 milhões de votos democraticamente atribuídos à presidenta Dilma”, disse.

O deputado estadual Roberto Massafera (PSDB) também foi procurado pela reportagem, através do CELULAR pessoal e da assessoria de imprensa, mas não retornou às ligações.

Palavras de ordem e protesto - O protesto de domingo em Araraquara contou com a presença da PM (Polícia Militar) e da Guarda Civil Municipal e foi vigiado pelas câmeras de monitoramento da cidade.

Os participantes vestiram roupas verdes, amarelas e azuis e levaram cartazes com os dizeres “Fora Dilma”, “Fora PT”, “Por uma intervenção do povo”. O grupo também chamou o povo com o já tradicional “Vem pra rua”. A manifestação saiu da praça Scalamadré Sobrinho, em frente à Arena da Fonte, em direção à avenida Bento de Abreu, depois desceu pela rua São Bento, até o Parque Infantil, onde houve nova concentração e mais gente se juntou ao grupo. Depois de quase meia hora, a caminhada foi retomada pela avenida São Geraldo, subiu a rua Nove de Julho, em direção à Bento de Abreu. O grupo retornou à Scalamandré, onde o protesto foi encerrado por volta das 18h30, com menos da metade das pessoas que iniciaram o percurso.

Os organizadores esperavam reunir em torno de 7 mil pessoas, como no protesto do dia 15 de março, mas a adesão foi bem inferior, com 1,1 mil pessoas participando, segundo a PM. (colaborou Celso Luis Gallo)

Análise 
Foco é no PT e na corrupção
O cenário que surge da mobilização de domingo é um cenário que aponta as ruas com um foco bem definido em Dilma, no PT e na corrupção, mas que na realidade não reforçaram, nem reduziram, o movimento pelo impeachment. Para o Governo, existe uma intolerância contra o PT, em consequência das próprias palavras de ordem que surgiram na manifestação de domingo. Aparentemente, o Governo não deu como muito importante esta manifestação, apesar do número e da quantidade de cidades que se envolveram. O ministro Edinho Silva faz uma afirmação boa, de que a intolerância existe dos dois lados e de que é preciso buscar uma agenda para o Brasil.

Maria Teresa Kerbauy
Cientista política da Unesp Araraquara

Nenhum comentário:

Postar um comentário