domingo, 8 de junho de 2014

Desmatamento da Mata Atlântica prejudica abastecimento de água das cidades.



Divulgado na semana passada, um levantamento produzido pela SOS Mata Atlântica e pelo Inpe (Instituto de Pesquisa Especiais) mostrou um aumento na taxa de desmatamento da Mata Atlântica de 9% em um ano.
O resultado confirmou uma reversão da tendência de queda no desmatamento que vinha desde os anos 1990. Desde 2010, houve a taxa de desmatamento cresceu 70% –de 14.090 para 23.948 hectares.
A Mata Atlântica é o bioma presente nas regiões mais populosas do país –ele abrange cerca de 60% de toda a população brasileira (118 milhões de habitantes) em 3.284 municípios, incluindo as principais metrópoles do país.
Com tudo isso, a Mata Atlântica é o bioma que mais sofre o impacto da população, assim como o mais importante para o dia a dia das cidades.
ÁGUAS
A ambientalista Miriam Prochnow, da Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), pré-candidata da REDE a governadora de Santa Catarina, diz que o principal impacto do desmatamento da Mata Atlântica é a falta de água nas cidades.
“São Paulo está mostrando isso com muita clareza, a falta de água na Cantareira e em todas as bacias há muito vem sendo denunciada o desmatamento do entorno dessas represas”, diz.”Não é só a existência, a quantidade, mas a qualidade que a Mata Atlântica oferece para as cidades.”
Outro efeito é a contenção de chuvas, que evita desmoronamentos. ”Onde você tem florestas a água demora mais para chegar no caso de enxurrada ou de enchente. A floresta funciona como uma barreira.”

Arte Mata Atlântica Especial Meio Ambiente e Cidades - Dia Mundial do Meio Ambiente 2014
Para ela, há três medidas devem ser tomadas imediatamente. ”Uma é a criação de novas unidades de conservação. Tem 30 estudos feitos da Mata Atlântica, que estão lá numa gaveta do governo federal, prontos para serem criados, que são importantes para a preservação da biodiversidade.”
A segunda é investir na restauração nas nascentes de rios e matas ciliares. E a terceira é reordenar as cidades para tirar a população de áreas de risco de enchentes.
“Aí você evita que cada ano o mesmo bairro esteja debaixo d’água, que cada ano você tenha que atender essa população. É muito mais barato reassenta esse pessoal.”
Miriam diz que o resultado da pesquisa não surpreende porque houve a inclusão de áreas como o sul do Piauí e áreas secas de Minas Gerais que antes não eram reconhecidas como Mata Atlântica.
“A gente tem visto um grande retrocesso ambiental nos últimos anos e a fiscalização é uma das que deixam a desejar”, afirma.

(Na foto de capa: imagem de satélite mostra área desmatada no sul do Piauí. Crédito: SOS Mata Atlântica/Inpe)

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