domingo, 8 de junho de 2014

Bicicleta perde adeptos por falta de infraestrutura nas cidades.


De acordo com levantamentos feitos pelo Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) em 2013, as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil possuem os números mais elevados de veículos automotores por habitante –média de um veículo para cada duas pessoas.
Dos 82 milhões de veículos existente no país, 25 milhões, ou 30%, estão no estado de São Paulo.  Esses dados refletem diretamente na crise da mobilidade urbana em grandes cidades, fazendo com que parte da população dessas regiões já busque alternativas para fugir do trânsito, unindo mobilidade, meio ambiente e sustentabilidade.
Segundo Gabriel Di Pierro, diretor da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), a construção de ciclofaixas e ciclovias nas cidades, incentivando o uso das bicicletas, é um a das soluções, mas deve ser mais que isso. “As pessoas precisam entender que a bicicleta é benéfica para a cidade e tem o seu espaço na via pública.”
“Alguns indícios mostram que existe uma tendência de ampliação do uso da bicicleta no centro da cidade por causa do problema da mobilidade, congestionamentos e pela ideia de se ter mais qualidade de vida”, explica Di Pierro.
Arte Transporte no Brasil Ciclovias Especial Dia Mundial do Meio Ambiente
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Mas as cidades brasileiras ainda precisam melhorar sua infraestrutura para receber adeptos do ciclismo. São Paulo, que possui os maiores recordes de congestionamento do país, tem apenas 71 quilômetros de ciclovias (contando ruas e parques), segundo dados da Ciclocidade, atrás do Rio de Janeiro, com 240 km e Curitiba, com 118 km.
Fazendo um comparativo com outras regiões do mundo, somente nos últimos quatro anos, a cidade norte-americana de Nova Iorque construiu mais 450 quilômetros de ciclovias, aumentando sua malha cicloviária para 965 quilômetros.
Amsterdã, capital da Holanda, e Bogotá, capital da Colômbia, possuem cinco vezes mais ciclovias que São Paulo, com uma área seis vezes menor.
O responsável pelo projeto Vá de Bike, William Cruz, que promove a utilização de bicicletas em seu site, coloca que é preciso ter mais opções de vias para o ciclista no Brasil, pois a insegurança é o ponto que mais afasta a população da escolha da bicicleta como meio de transporte.
“A Rede Nossa São Paulo mostrou que a porcentagem de pessoas que usariam bicicleta se fosse mais seguro é bem alta, cerca de 90%. Quer dizer, tem gente que gostaria de usar a bicicleta, mas não tem coragem. Elas acham que a cidade não está preparada. E, em certo ponto, têm razão.”
Para os cicloativistas, é preciso que a administração municipal defenda o compartilhamento das vias públicas. Além da agressividade dos motoristas, que adeptos das bicicletas afirmam ter diminuído muito nos últimos anos, existem outros aspectos que afastam a cultura do uso desse meio de transporte nas metrópoles.
“A falta de estrutura para guardar a bicicleta na cidade, onde nem mesmo os estacionamentos pagos a aceitam, pois afirmam que o seguro não cobre, e uma falha de concepção das pontes da cidade, que servem como alça de acesso em alta velocidade, são problemas para quem quer usar a bicicleta”, explica o William.
Uso de bicicleta ganha cada vez mais força no país
Dados da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP) apresentados pela Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) mostram que o Brasil tem a segunda maior frota de bicicletas em uso no mundo, 65 milhões de unidades, 17 milhões a menos que veículos automotores.
De acordo com a Abraciclo, o Brasil é o quinto maior mercado mundial de bicicletas, com 5 milhões de unidades produzidas por ano. Outro dado interessante é que 50% das bicicletas são usadas em substituição a veículos automotores, 32% para uso infantil, 17% como forma de lazer e 1% para competição.
“Em São Paulo a gente trabalha com a estimativa de 500 mil viagens de bicicleta por dia. Um número que é mais que o dobro de viagens de táxi. Tem bastante gente usando bicicleta mesmo nas cidades. Acredito que esse número aumente cada vez mais”, finaliza William.

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